terça-feira, junho 30, 2015

Pesquisador cria aparelho que filtra o vinho para tirar o sulfito.



O removedor de sulfito é um filtro descartável que elimina o conservante do vinho.
A criação foi do graduado em química James Kornacki de Chicago (EUA), que ainda espera financiamento para colocar o produto no mercado.
O sulfito é responsável pela alergia de 1% dos americanos, segundo pesquisa.
Algumas pessoas acreditam que em excesso é o responsável por dar dor de cabeça após o consumo do vinho.
A mágica se chama Üllo. É um tipo de saquinho de chá, que retira o sulfito e mantém todos os outros compostos do vinho.
Cada cápsula, com preço estimado em 2 dólares e 50, pode ser usada para uma garrafa inteira, mas só uma vez.
Por incrível que pareça, o criador do filtro, diz que o sulfito não faz mal para saúde na quantidade encontrada na maioria dos vinhos, mas criou o produto visando os alérgicos.



segunda-feira, junho 29, 2015

O Vinho e a Pintura - Guido Botta

Título: Vigneti Monferrato
Guido Botta nasceu em 1921 em Alessandria (Piemonte, Itália).

Leonardo queria ser Da Vinci e acabou atravessando o espelho... - Conto



Leonardo não tinha esse nome por acaso. 
E não era por acaso que ele passava algumas horas por semana no museu do Louvre vendo a Monalisa. 
Seu pai era um grande especialista em artes e passou junto com o nome, ensinamentos que devem acompanhar Leonardo até o final da vida. 
A grande obsessão de Leo era descobrir o motivo do sorriso da Gioconda. Pesquisas, entrevistas, suposições, nada era capaz de revelar o segredo. 
A arte era uma desculpa para abandonar a gerencia da maior loja de vinhos de Paris e passar algumas horas em transe. 
Nem é preciso dizer que era apaixonado e uma verdadeira enciclopédia sobre os vinhos italianos. 
Passar pelo menos uma hora diante do sorriso da Gioconda era além de uma terapia, uma viagem no tempo. 
Monalisa seria o próprio Leonardo (o Da Vinci)? Seria uma irônica que ria das imbecilidades humanas? Seria uma alma viva que atravessava séculos sorrindo e pensando: perdoai-vos, eles não sabem o que fazem… 
Naquele dia em especial Leo teve a certeza que ela era o passado, o presente e o futuro. 
Olhou para os lados e via a quantidade de selfies, cameras, euforia… 
Gente que pouco sabia o que estava vendo. 
Ao seu lado um mexicano gravava tudo que via em um celular. 
Nesse dia Leonardo estava especialmente decepcionado com Elisabetta. 
A milanesa saiu de casa fazia uma semana e disse que jamais voltaria. 
A Gioconda ria. 
Leonardo tinha uma relação de amor e ódio com o quadro. 
Para ele uma alma viva. 
A vontade era de esbravejar, ofender, atravessar a dimensão e tirar satisfações com a sorridente misteriosa. 
-Você sabe exatamente do que estou rindo. 
-Gioconda!!! 
-Quantas vezes você sabia que não estava fazendo a coisa certa e mesmo assim seguiu em frente? 
-è vero… 
-Quantas vezes olhou para meu rosto e percebeu o recado e mesmo assim insistiu… 
Otário!!! 
-Monsieur…Monsieur… Le musée est fermé… 
Ufa!!! 
Era um sonho? Um pesadelo? 
Leonardo deixou o museu relaxado… 
Triste por Elisabetta, por ele mesmo, mas feliz por ter desvendado o mistério. 
A Gioconda vive e ri de todos nós…


domingo, junho 28, 2015

Victoria tinha 2 corações... - Conto



Viver viajando pela Espanha com a desculpa verdadeira de que é preciso vender os vinhos que o pai produz, ajudou Victoria a conciliar o amor de Paco com o amor de Tiago.
De segunda a sexta viajava, mas procurava dormir sempre em Madrid, onde Paco lhe esperava com todo o amor que havia nessa vida.
Nos finais de semana, voltava carinhosa e cheia de dengo para os braços de Tiago, na bela Barcelona.
As duas cidades rivalizavam até nisso...
Para evitar confusão, chamava os dois de amor, amorzinho, paixão, nada pessoal.
Também tomava o cuidado de quando comia algo diferente com Paco, corria para comer a mesma coisa com Tiago.
Vai que por engano cita alguma experiência gastronomica trocada...
O celular tinha devidamente dois chip's que eram sempre devidamente escolhidos de acordo com o dia da semana.
A desculpa era que como estava em trânsito, era melhor que ela ligasse.
Tudo muito bem planejado, mas nada programado dentro da cabeça de Victoria.
O caso é que ela amava os dois.
Me faz lembrar o clássico de Truffaut: O homem que amava as mulheres.
Ela amava os dois homens com a mesma intensidade, a mesma admiração, o mesmo tesão...
Impressionante como se derretia para cada um dos dois.
Era sorridente, bonita, tinha brilho nos olhos.
Tudo andava como planejado, não fosse o tal de whatsApp...
Num sábado ensolarado, na praia de Sitges, Tiago foi pegar um cigarro na bolsa de Victoria e viu que o telefone tremia como um atacante na hora do pênalti.
Teve que olhar.
As palavras que leu eram muito difíceis de digerir e Tiago nem esperou pela volta de Victoria.
Pegou um ônibus e sumiu do mapa.
Victoria ficou desesperada e só não chamou a polícia porque percebeu que as mensagens de Paco tinham sido lidas.
Chorou compulsivamente.
Voltou pra casa, tomou um banho, pegou as roupas e foi direto pra Madrid.
Paco não entendia nada, mas tentava acalmar Victoria que parecia em estado de choque.
Ela parou de comer, parou de trabalhar, quase não falava e só procurava alguém que lhe desse notícia do amado Tiago.
Paco foi muito bom pra ela.
Pelo menos até o telefone tremer de novo e dessa vez ele ler o que o tal WhatsApp tinha a dizer.
-É muito duro viver sem teu amor Victoria, mas não suporto essa situação. Deve estar a muitos anos com o tal Paco...
Paco leu a mensagem e entrou em parafuso.
Fuçou mais e descobriu mais coisas.
Pegou o carro e sumiu sabe-se la pra onde.
Quando Victoria percebeu o que tinha acontecido pegou as roupas, o carro e voltou para Barcelona.
Se fechou no quarto e abandonou as vendas, o celular e de certo modo a vida.
Não fazia mais nada.
O pai precisou encontrar outro vendedor.
Tiago só apareceu para buscar suas coisas, mas não conseguiram se falar. Trocaram olhares duros e dóceis ao mesmo tempo.
Paco fez um escândalo danado em Madrid.
Nunca mais apareceu.
Victoria escreveu um livro contando a história, sem que ninguém soubesse que era ela mesma a personagem, e acabou ganhando uma fortuna.
Explicava como era possível amar da mesma forma dois homens.
A mulher que amava os homens, ficou sozinha.
Trabalhou, voltou a viver, voltou a comer, voltou a vender vinhos, mas nunca mais voltou a sorrir...
Quando soube da história, com tantos detalhes só consegui lembrar da frase de Chaplin:


O vinho e a pintura - Maurizio Rinaudo

O italiano Maurizio Rinaudo é pintor e escultor.

sábado, junho 27, 2015

Bruno espera Roberta. - Conto




-Ciao amore. Ti amo ogni giorno di più...
Era uma despedida normal.
Bruno trabalhava nos vinhedos, enquanto Roberta trabalhava num banco em Milão.
Se encontravam sempre que possível e era sempre um sonho.
Era uma despedida breve. Pelo menos era o que pensava Bruno.
No trem até a toscana, Bruno como sempre pensava em Roberta.
Chegou em Lucca, pegou o carro e seguiu para o trabalho.
Roberta na cabeça, como sempre.
No final do dia, cansado, procurou Roberta.
Nada.
A noite foi longa, sem pregar os olhos.
Não conseguia entender o que tinha acontecido.
Lembrava de algumas conversas, que Roberta poderia não ter gostado, mas nada era pra tanto.
O dia nos vinhedos foi terrível, era época de poda verde e a cabeça e parece até que os olhos estavam em Roberta. Ele parecia ver o rosto doce, os olhos preocupados, o olhar carinhoso...
Roberta não era de se expressar muito bem, por isso, qualquer palavra mal colocada poderia ser uma tragédia em sua cabeça.
Pensamentos trocados, embaralhados...
Bruno tentava ligar.
Roberta visivelmente queria sossego.
Sossego momentâneo???
Não havia modo de saber.
Bruno fazia tudo e mais um pouco por Roberta.
Isso por um lado trazia tranquilidade e leveza na consciência e por outro preocupava muito mais.
O que teria incomodado Roberta?
Depois de 3 dias conseguiu falar, mas nem isso trouxe a paz que esperava.
Roberta tinha voz triste, mas não era mais a Roberta de Bruno.
Pedia tempo para pensar.
O que significa tempo pra pensar hoje em dia???
Todo mundo sabe não é mesmo?
Bruno também.
O jeito era esperar o tempo.
As uvas amadureceram bem.
A colheita correu sem nenhum problema.
Veio o inverno.
Os vinhedos descansaram.
Neve.
Frio.
Os vinhedos choraram na época certa. 
Bruno chorava diariamente.
Os brotos apareceram.
O ciclo dos vinhedos seguiu normalmente.
Nem sinal de Roberta.
Bruno parecia esperar que o telefone tocasse a cada segundo.
Nunca desgrudava do celular.
Hoje já se passaram 3 colheitas.
O celular continua grudado em Bruno.
A cabeça continua em Roberta.
Bruno acostumou a dormir menos.
Acostumou a trabalhar mais.
Acostumou a ocupar o dia e a noite mal dormida.
Mas não acostuma sem o carinho de Roberta.

O vinho e a pintura - Gianni Pascoli

Gianni Pascoli é um artista italiano, nascido em Savona, mas é de origem friulana.

Vinha Grande - Douro 2022 - Casa Ferreirinh

Cereja, bergamota, violeta...  na boca tem corpo médio, taninos macios, sensação de frescor, sabor repetindo o nariz, mas com um toque de e...