sábado, agosto 01, 2015

A noite do Alentejo nunca mais foi a mesma - Conto



Clica na música do Lobão para eu contar uma história.


Era muito estranho para João, entender porque todas as noites uma das três mulheres contratadas para a colheita, entrava em seu quarto, entrava debaixo dos lençóis e começava um exercício que não seria nada normal ser contado com todas as letras em um blog onde o assunto principal é o vinho.
O estranho é que as 3 mulheres contratadas para a colheita eram bem tímidas.
Eram trabalhadoras, sérias...
Mas ele acordava vendo aquela pele morena levantando da cama e saindo rápido como uma fuga mesmo.
A noite ela chegava lentamente, como se convidasse para algo que todo mundo pode saber perfeitamente o que é.
Os lençóis brancos como se tivessem feito parte daquelas propagandas de sabão em pó só eram vistos pela manhã.
A noite eram só obstáculos entre ele e a misteriosa mulher que entrava no quarto, enchia ele de beijos, carinho e amor antes de fugir pela manhã.
Era como uma hipnose.
A curiosidade fazia com que ele tentasse ficar acordado, mas parece que ela esperava o momento certo para atacar.
Numa noite, quase no fim da colheita, tomou quase uma tonelada de café para ficar acordado.
fingiu que estava dormindo. 
Chegou a fazer barulhos de ronco.
Ela entrou.
Se enfiou debaixo dos lencóis.
Começou seu ritual irresistível e até impublicável, quando João viu que se tratava de Maria Inês.
Ela era a mais tímida.
A mais séria.
A mais respeitosa.
A mais linda.
A mais misteriosa.
Ele fingiu que estava dormindo, fingiu que não sabia quem era.
Fingiu como na verdade fingia nas outras noites, mas dessa vez tinha certeza de quem estava na sua cama.
No pouco tempo que restava na sua mente para pensar em outra coisa, pensou em como se revelar nas primeiras horas da manhã.
Infelizmente dormiu sem perceber.
Maria Inês saiu sem ser notada.
No dia seguinte, falar alguma coisa seria quase uma despedida.
Faltavam 3 dias para todas as uvas saírem dos pés para se transformarem no melhor vinho do Alentejo.
Melhor esperar.
Foram 3 noites de amor, e nem era preciso tomar o café.
Na última, ele tentou de todas as formas revelar pra ela que sabia perfeitamente o que estava acontecendo.
Mas misteriosamente dormia.
Era como uma consulta com hora marcada.
No dia seguinte o pagamento foi feito, os agradecimentos, a festa e nada de ter coragem de dizer o que queria...
João não queria que aquilo acabasse.
Maria Inês não teria coragem de se revelar, mas nem que o mundo acabasse.
Depois da festa ela fez mais uma vez o ritual que durou toda a colheita.
João pensou que o movimento da noite impediria a nova investida.
Ficou acordado e dessa vez ele fez tudo como queria.
Nada de adormecer.
Maria Inês bem que tentou.
O sol entrava pela fresta.
Ela fingiu que estava dormindo.
A Lua já se apagava pelo sol.
João olhava para o corpo de Maria Inês.
Era vez dela dormir, mesmo que de mentira.
Ele beijou sua boca com força.
Falou segredos.
Falou verdades.
Algumas mentiras.
Ela enfim resolveu acordar.
Pegou uma camisola, levantou com pressa e saiu.
João apareceu na despedida e deu um beijo no rosto de cada trabalhadora e um aperto de mão em cada trabalhador.
Maria Inês se despediu como as outras.
João ficou decepcionado.
Na verdade nunca havia sentido algo parecido.
O mistério somado a todo o resto era um sonho.
Bebeu uma garrafa de vinho e foi dormir mais pra lá do que pra cá.
No meio da noite aconteceu tudo de novo.
E continua acontecendo...

O Vinho e a Arte - Mais uma Tatoo representando o vinho


sexta-feira, julho 31, 2015

Tudo sobre as regiões francesas - Vallée du Rhône - Parte 37 - Sud Méridional - AOC Crémant-de-Die



A AOC Crémant-de-Die foi reconhecida em 1993.
É um vinho espumante produzido na mesma área da AOC Clairette-de-die.
São mais de 1500 hectares de vinhedos que ficam a sudoeste da cidade de Valence.
Vinhedos dedicados exclusivamente a AOC Crémants-de-Die, ocupam apenas 70 hectares.
A produção anual é de cerca de 4 mil hectolitros por ano.
Os vinhedos ficam nas encostas de calcário, tipo de falésias.
Quando se fala em AOC Crémant, se fala em produção de espumantes pelo método tradicional Champenoise.
A variedade utilizada é a Clairette, que é emblemática na região.
São espumantes secos (brut) com mousse fina e leve.
São elegantes, frescos na boca, com aromas de frutas verdes e manteiga.

quinta-feira, julho 30, 2015

Entre o frio de Arnaldo Antunes e os versos de neruda estava Roberta e Lorenzo...



Mais um conto com trilha sonora. O primeiro passo é clicar no clip do Arnaldo Antunes.



Lorenzo fez tudo que podia.
Disse com todas as letras que queria Roberta.
Disse duas, três, mil vezes.
Jantaram, conversaram, beijaram, transaram...
Roberta disse que tinha gostado de tudo, mas vai saber...
Todos sabem que as mulheres são um poço de mentiras.
Lorenzo deu amor, carinho, juras de amor, palavras de amor e amor mesmo.
Construiu momentos felizes, construiu uma história que se não era grande era intensa.
Mostrou caminhos novos, enfrentou problemas velhos...
Fez com que Roberta tivesse todas as possibilidades de seguir vivendo com ele tudo o que pensava em viver.
Na verdade Roberta não pensava em tanto.
Roberta não queria algo tão intenso.
Roberta queria um caso, um amante, um amor de verão.
Lorenzo se recuperava da pressão de uma colheita com a obrigação de fazer um vinho ícone, onde qualquer falha pode valer o emprego, a carreira, a continuação da vida...
Ser enólogo de um ícone é uma pressão só comparada com a vida de um carcereiro num presídio de segurança "mínima" no Brasil.
A história aconteceu depois do engarrafamento dos vinhos.
Dos vinhedos de Casablanca até o Pacífico é um pulo.
Os dois se conheceram na casa de Pablo Neruda, em Valparaíso, com vista para a imensidão do oceano.
Entraram na casa do poeta, beberam a água do poeta, compraram os livros do poeta, um quadro do poeta e entraram nos versos do poeta...
Nem assim...
Não era pra ser.
Os beijos de Roberta eram quentes.
Os de Lorenzo eram intensos.
O abraço de Roberta era gostoso.
O de Lorenzo era verdadeiro.
Os sonhos de Roberta eram sonhos.
Os de Lorenzo eram realidade.
Alguns meses depois tudo virou apenas uma lembrança.
Dessas com dias contados para desaparecer pelo menos da cabeça de Roberta.
Lorenzo se fechou num refugio gelado, onde o vento que vinha do Oceano Pacífico teria o papel de manter a cabeça fria e a vista do mar poderia agradar os olhos.
O frio e a solidão serviram para aumentar a saudade, mas ajudaram a entender que só se resolve uma decepção sozinho.
Tentou esquecer Roberta, mas isso não era possível nem no verão, imagina no frio.
Se encontrou nos versos de Neruda:

"Já não se encantarão os meus olhos nos teus olhos,
já não se adoçará junto a ti a minha dor.
Mas para onde vá levarei o teu olhar 
e para onde caminhes levarás a minha dor.
Fui teu, foste minha. O que mais? Juntos fizemos 
uma curva na rota por onde o amor passou.
Fui teu, foste minha. Tu serás daquele que te ame, 
daquele que corte na tua chácara o que semeei eu.
Vou-me embora. Estou triste: mas sempre estou triste. 
Venho dos teus braços. Não sei para onde vou.
...Do teu coração me diz adeus uma criança. 
E eu lhe digo adeus.
Pablo Neruda

quarta-feira, julho 29, 2015

Vem aí o Encontro de Vinhos Belo Horizonte


Dessa vez o Encontro de Vinhos sai dos lugares fechados e vai pra Praça.
No local onde fica o Museu Histórico Abílio Barreto.
Vinhos, food trucks, palestras...
Tudo no estilo Encontro de Vinhos.
Dia 29 de Agosto,  em horário novo, das 11 as 18 horas.
Ingressos à venda no site do Encontro de Vinhos: www.encontrodevinhos.com.br

terça-feira, julho 28, 2015

Veja que legal esse vídeo que fala da imagem do vinho na França



Tradução:

Na França, não temos petróleo, mas temos o vinho.
Mas de fato, o que pensam os franceses do tesouro nacional?
Nenhuma surpresa. Mais de 85%, associam o vinho a tradição, a convivencia, autenticidade e o prazer de compartilhar.
No país da gastronomia, temos 94% que acreditam que o vinho é a bebida alcoólica que melhor acompanha a refeição.
Acreditamos também que é a mais natural e a melhor para a saúde.
E o vinho faz girar...
Faz girar o país.
80% acreditam que o vinho é capaz de atrair os turistas, que representam uma fatia importante da exportação, e que os vinhedos contribuem com a beleza da paisagem.
E temos justamente, 10 milhões de turistas que visitam os vinhedos franceses a cada ano.
Os vinhos e espirituosos, são o segundo principal setor exportador do país, exatamente atrás da aeronáutica e a frente dos produtos de luxo.
Enfim, 3 entre 4 franceses, consideram que o vinho é de melhor qualidade nos dias de hoje e que o setor é cada vez mais ligado ao respeito ao meio ambiente.
Numeros que incentivam os produtores do trabalho cotidiano para melhorar a qualidade de seu produto.
Então, com a sondagem feita, é preciso ver sobretudo como ele é bom.


Música e Vinho... Até Luiz Carlos da Vila (considerado um dos maiores de todos) cantou o vinho...



Por te amar eu pintei
Um azul do céu se admirar
Até o mar adocei
E das pedras leite eu fiz brotar
De um vulgar fiz um rei
E do nada o império pra te dar
A cantar eu direi o que eu acho então o que é amar
É uma ponte lá para o longe dos horizontes
Jardim sem espinhos
Vinho que vai bem em qualquer canção
Roupa de vestir qualquer estação
É uma dança, paz de criança
Que só se alcança se houver carinho
É estar alem da simples razão
Basta não mentir pro seu coração

Vinha Grande - Douro 2022 - Casa Ferreirinh

Cereja, bergamota, violeta...  na boca tem corpo médio, taninos macios, sensação de frescor, sabor repetindo o nariz, mas com um toque de e...