segunda-feira, agosto 10, 2015

Tudo sobre as regiões francesas - Vallée du Rhône - Parte 39 - Sud Méridional - AOC Grignan-Les-Adhémar



Essa AOC tem o nome mais estranho de todas as AOCs francesas, mas quem chama Adhémar deve gostar...
É uma AOC rebatizada, ela se chamava Coteaux-du-Tricastin até o ano de 2010.
São 1800 hectares de vinhedos entre as cidades de Montélimar e Bollène.
O clima é mediterrâneo, influenciado pela altitude. O vento mistral favorece a saúde dos vinhedos mantendo sempre as folhas secas, que apesar do clima quente e seco, existe umidade aos pés das montanhas.
Os solos são argilo calcários e arenosos.
São produzidos cerca de 52 mil hectolitros por ano entre tintos, brancos e rosés.
Os tintos são elaborados com as variedades: Syrah (principal e obrigatória no mínimo com 30% do corte), Grenache, Mourvèdre, Carignan, Cinsault e Marselan.
Os brancos com a Viognier (principal e obrigatória com o mínimo de 30% do corte), Grenache Blanc, Clairette, Roussanne e Marsanne.
Os tintos são elegantes e frutados, os rosés potentes e equilibrados e os brancos ricos e perfumados.

quinta-feira, agosto 06, 2015

Tudo sobre as regiões francesas - Vallée du Rhône - Parte 38 - Sud Méridional - AOC Gigondas



A AOC Gigondas tem 1230 hectares de vinhedos.
A AOC nasceu como Côtes du Rhône em 1937, passou a Côtes du Rhône Village Gicondas em 1953 e finalmente AOC Gogondas em 1971.
Fica na própria comuna de Gigondas, no Vaucluse, ao lado do Montmirail.
Os terroirs são divididos em 2 zonas de produção: as encostas da montanha, com solos arenosos e sub-solos calcários e de marga e nos terraços mais altos do rio Ouvèze, um afluente do Rhône, com solos mais pedregosos e clima mediterrâneo, com pluviometria média a baixa, verão quente e ensolarado, além da influência da altitude, que provoca queda de temperatura.
As colheitas são tardias, pela maturação lenta das uvas (chegam a ser 2 semanas mais tarde que a média da região).
As variedade utilizadas são principalmente a Grenache, com complemento das clássicas do Rhône, Syrah e Mourvèdre.
A produção anual é de cerca de 39 mil hectolitros de tintos (e um minúscula produção de rosé).
Os vinhos de Gigondas são conhecidos pela potência, taninos e alto teor alcoólico, normalmente parecidos com os Chateuneuf-du-Pape.
No nariz são especiados e com notas de azeitona preta.
São vinhos muito bons para guarda, ficando melhores depois dos primeiros 10 anos.
Os melhores vinhos são os elaborados com as uvas dos terraços pedregosos, que mostram excelente acidez e fineza aromática.


terça-feira, agosto 04, 2015

Entrevista exclusiva com o dono da bodega Norton, de Mendoza. A bodega é de 1895, e foi comprada pela família Swarovski em 1989



Michael Halstrick, filho de Gernot Langes-Swarovski, chegou na Argentina em 1991 e é o responsável pela bodega.
Na entrevista ele fala de responsabilidade social, potencial da argentina vitivinícola e um pouco da história da Norton.

segunda-feira, agosto 03, 2015

Pomerol, Canelé, Ariane, Mathieu... A lembrança é como uma doença rara... - Conto



Gostei da brincadeira do conto com trilha sonora.
Talvez seja uma vantagem da internet.
Clique e escute o Caetano enquanto conhece a história.



Ariane e Mathieu seguiam sempre o mesmo ritual.
Uma garrafa de um bom vinho do Pomerol, uma dose de Barsac, acompanhando um Canelé.
Entre tudo isso, dias, meses e anos de um amor colossal.
Talvez mais colossal para Ariane.
Depois de 730 garrafas de Pomerol, 730 doses de Barsac, 730 Canelés e 730 dias juntos, Mathieu se despediu.
Olhou para os olhos de Ariane e disse que o amor já não era forte o suficiente.
Não desviou o olhar, não desviou do assunto, não fugiu de nada.
Essas bobagens de sumir, excluir disso ou daquilo não fazia parte nem do caráter nem da natureza de Mathieu.
Entrou e saiu da relação como um lorde.
Isso doía mais ainda na cabeça de Ariane.
Nem amaldiçoar o pobre ela podia...
Poder podia, mas não se sentiria à vontade.
Os dias seguiram e o tanto de vinhos da mesma região ficavam guardados como se fossem lembrança de um defunto.
Nada de mexer naquele canto.
Canelé era um nome proibido.
Barsac era palavrão.
O pior é que quando se foge de alguma coisa, ela parece que persegue.
Ariane morava em Saint-Émilion, poucos quilômetros do Pomerol.
Cada almoço, cada wine bar, cada café no final de tarde encontrava uma garrafa de Pomerol e tudo vinha de novo.
As lembranças são como uma doença rara.
Ninguém sabe explicar, ninguém sabe se livrar delas...
Depois de quase um mes sem Mathieu, conheceu Gilbert.
Era um cara alto, magro, falastrão...
Bonito.
Entraram no restaurante para o que seria o primeiro de muitos jantares.
Veio a carta de vinhos e...
Bingo.
Pomerol.
Veio uma dor de cabeça, que Ariane não conseguia levantar os olhos.
Era enchaqueca.
Nem deu tempo dele pedir Barsac ou Canelé.
Nem sei se ele pediria isso.
Nem Ariane ficou sabendo.
Foi embora como um foguete.
Claro que Gilbert nunca mais apareceu.
No dia seguinte ela pediu que uma amiga retirasse de sua casa todas as garrafas que tivessem escrito: Pomerol...
Que pena!!!
Duas semanas depois, debaixo de uma chuva terrível, o carro de Ariane derrapou numa curva e bateu justamente na placa: Pomerol...
Aiaiaiai...
Era preciso uma manobra para voltar ao caminho.
Urgente.
Pegou o telefone e ligou sem pensar.
-Alô
-Me deixe viver Mathieu.
Você fez tudo certo.
Nada a reclamar.
Mas quero meu Pomerol de volta.
Quero meu Barsac.
Quero meu Canelé.
Em 15 minutos Mathieu batia na porta.
Entrou com uma garrafa de Château Petrus.
Levou um Barsac e uma caixa de Canelé.
Disse que estava reparando seu maior erro.
No dia seguinte a amiga trouxe todas as garrafas de volta.
A lembrança conseguiu o que queria, mas perdeu para a realidade.




PS: Pomerol é uma denominação de origem de Bordeaux (uma das mais importantes), Barsac é uma denominação de origem que produz vinhos doces, também em Bordeaux e Canelé é esse doce típico também de Bordeaux.
Château Petrus, é um dos vinhos mais caros do mundo, e é produzido no Pomerol.



Pio Cesare é Barolo... Pio Boffa é sabedoria...



Ter a sorte de provar os barolos Pio Cesare com o Pio Boffa (enólogo da quarta geração da família) faz lembrar a Mercedes Sosa cantando os versos de Violeta Parra: Gracias a la vida... Que me ha dado tanto...


Muita gente fala que os barolos são duríssimos quando jovens e que não devem ser bebidos...
Pio Boffa responde: A proteína amolece os taninos...
Exatamente.
Coma.
Prove o vinho e coma proteína.
Vai aprender como se prova um Barolo mais jovem.
Nenhuma dúvida de que são vinhos de vida longa e se esperarmos mais de 10 anos teremos outros aromas, mais dos famosos ***terciários...
Mas pra acompanhar a comida do gradíssimo Salvatori Loi, do Loi Ristorantino, não precisamos de muitos terciários.


Bastam os *primários e **secundários com a fruta madura e o tanino potente amolecido pela proteína de um filé mignon com trufas e foie gras.
Harmonização perfeita.


Provei diversos vinhos do produtor e nem é preciso dizer que todos são perfeitamente indicados.
O Barolo DOCG 2011 (todos os Barolos são elaborados com a variedade Nebbiolo), é elaborado com uvas de diversos vinhedos da família.
Pio Boffa deixou claro que nos vinhos Pio Cesare, o princípio de vinhos de um só vinhedo não faz nenhum sentido.
O vinho descansa em botes grandes de madeira e uma porcentagem em barricas francesas (cerca de 30%).
No nariz é limpo, tem boa intensidade aromática (média+).
Notas de cereja, cassis, baunilha, alcaçuz, chocolate...
Olha os terciários aí gente...
Show!!!
Na boca são dois vinhos.
Sem comida taninos ainda duros, com comida taninos finos, textura macia e granulada (médio+).
Acidez média+, corpo médio+, álcool médio+, intensidade de sabor média+.
Notas de frutas vermelhas e negras, alcaçuz e café.
Vinho longo. Muito longo.
Em evolução.
Os tais terciários já deram o ar da graça.
Nota: 94/100
Preço: 486 Reais (2009)
Importador: www.decanter.com.br
Relação preço/qualidade: 3/5

*Os aromas primários são os que vêm da fruta.
Podem ser vegetais, florais, frutados e minerais.

**Os aromas secundários são os que o vinho ganhou no processo de elaboração, que inclui a fermentação e o amadurecimento em barrica ou onde quer que seja.
Podem ser de leveduras, manteiga, madeira, queijo, leite, ácidos, mel...

***Os aromas terciários (também chamado bouquet) são os que o vinho ganhou com o envelhecimento em garrafa.
Podem ser de frutas secas, cristalizadas, compotas, chocolate, café, especiarias, pimentas, chocolate, carne defumada, couro...

Vinha Grande - Douro 2022 - Casa Ferreirinh

Cereja, bergamota, violeta...  na boca tem corpo médio, taninos macios, sensação de frescor, sabor repetindo o nariz, mas com um toque de e...